09/02/2007

O filósofo e seu cachorro

O filósofo costumava falar com seu cachorro. Os dois estavam chegando ao fim da vida ao mesmo tempo e a idade os aproximara ainda mais. O filósofo não podia mais ler ou escrever, falar com o cachorro era a unica maneira de desfiar seus pensamentos, pois sua mente continuava ativa. A família do filósofo não tinha muita paciência para ouvir suas divagações enquanto o velho cachorro não tinha mais nada para fazer a não ser ficar deitado aos pés de seu dono enquanto ele falava, falava, falava. O filósofo sabia que o cachorro provavelmente dormia ao som de sua voz, mas não se importava. Pelo menos sua voz tinha um destino, dois ouvidos leais ao invés de se perder no espaço vazio da biblioteca. Mas um dia aconteceu o seguinte: o cachorro respondeu. O filósofo tinha dito:

-Pensado bem, a morte é uma dádiva.
E o cachorro:
-Desenvolve.
O filosofo olhou em volta. Quem dissera aquilo? Perguntou para o espaço vazio:
-O que?
-"A morte é uma dádiva." Desenvolve a tese.
Não havia dúvida, quem estava falando era o cachorro. O filósofo hesitou, limpou a garganta, depois disse:
-Bem, não é exatamente uma tese. É mais um consolo.
-Como assim? O cachorro falava sem abrir os olhos.
-Você já pensou - disse o filósofo - se nó vivêssemos para sempre? Estaríamos obrigados a entender o Universo. As razões da existência, o sentido da vida, essas coisas. Como são coisas incompreensíveis, viveríamos com a permanete consciência da nossa incapacidade, da nossa insuficiência mental. Do nosso fracasso. Seria uma angústia eterna.
-E a morte é melhor do que isso?
-A morte nos exime. Somos visitantes do Universo. Suas grandes questões não nos dizem respeito, pois estamos aqui só de passagem. A finitude é a nossa desculpa para não precisar entender. A dádiva da morte é nos tornar iguais a vocês.
-Nós quem?
-Os bichos. Vocês tem cosmogonias? Especulações metafísicas? Algum tipo de inquietação existencial?
-Eu, não. Não posso falar pelos outros. Mas vem cá...
-O que?
-Não é justamente o fato de vocês serem mortais, finitos e passageiros que dá origem a todas as cosmogonias, a toda metafísica? A morte não é mão da filosofia?
-A recusa da morte é a mãe da filosofia. A idéia de deixar de existir é profundamente repugnante para o nosso amor próprio. Aceitando a morte como um consolo, como um álibi, eu também estou me livrando dessa absurda pretensão do meu ego que é a de que eu não posso simplesmente acabar. Logo eu, de quem eu gosto tanto. Por isso se inventam religiões mil, e mil e uma maneiras da vida continuar, nem que se volte como um cachorro.
-Epa.
-Foi só um exemplo. Mas eu renuncio à filosofia, renuncio de toda especulação sobre o mistério de ser, e aceito o meu fim. Estou pronto a pensar no Universo e na morte como um bicho.
-Mas eu nunca penso no Universo ou na morte.
-Exatamente. Porque você não sabe que vai morrer.
-Fiquei sabendo agora. Obrigado, viu?
-É isso que eu quero. Essa sábia ignorância, essa burrice caridosa... Podemos até trocar de lugar, se você concordar. Lhe dou todas as minhas especulações minhas teses, meu ego e minha angústia, em troca da sua paz.
-Acho que sua família não aprovaria. E não sei se eu ficaria bem de cardigã.
Nisso a neta do filósofo entrou na biblioteca e tentou acordá-lo, sacudindo-o e dizendo "Vô, vô, o lanche", mas não conseguiu,e foi correndo chamar a mãe. O cachorro também continuou com os olhos fechados.


Luís Fernando Verissimo.








08/02/2007

Aula

Eu assisti uma aula hoje na faculdade, sobre comunicação em si. Voces já repararam como é importante o contexto em que o seu receptor vai receber a mensagem? É uma coisa tão óbvia mas também tão... imperceptível.
A comunicação já acontece naturalmente certo? certo. Sabe aquele livro, uma novela incrível que você leu, e que voce até tava gostando. Ai você briga com a sua namorada(o) e na mesma época termina o livro. Pode acreditar, você vai detestar o livro! Eu sei que é estranho ouvir isso, mas é só pra mostrar como a nossa vida, o nosso momento influencia na nossa interpretação das coisas.
Em Dom Casmurro de Machado de Assis. Dizem que se você lê quando jovem, você acha que é só a imaginação do Bentinho, e que a Capitu é uma santa. Se você lê já um adulto, no segundo casamento, você lê o livro e acredita piamente que a Capitu é uma ingrata que traiu o Bentinho. E isso tudo porquê?! Por causa da sua condição de vida naquele momento!! Isso sim é mágico.
Acabou meu pique para escrever hoje.

07/02/2007

Sobre os parafusos.

Me veio um pensamento... parafuso a gente desparafusa, mas falar 'desparafusando parafusos'... credo. Isso também nao é realmente importante...
Já imaginou se todo mundo tivesse todos os famosos Parafusos na cabeça? Acredito que seria uma verdadeira chatice. Tudo tão certinho, todos tão iguais. Ah...os gêmeos por exemplo, acho muita falta de criatividade da genética permitir que existam duas pessoas exatamente iguais!
Existem tribos indígenas que acreditam que quando nascem gêmeos, um é bom e o outro é mal, assim eles matam os dois para que o mal não se prolifere... Já pensou se fosse fácil assim? "Ah nao tenho certeza de quem é o assassino... mata os dois suspeitos aí que fica tudo resolvido" não dão nem chance da pequena criança provar sua bondade ou manifestar a maldade. Pura desconfiança isso!!
E depois tem gente que vem me falar que desconfiança é coisa de gente estressada de cidade grande. Que estresse que o índio tem?! Aqui na cidade grande tem até adesivos nos vidros dos carros "tá estressado? vai pescar!" e sabe qual é uma das atividades que os índios exercem muito bem? A pesca!
Pesca aliás que eu nunca entendi... voce fica em um barquinho, ou na margem de um rio ou lago, com um objeto fino, mais alto que voce, voce arremessa o objeto, uma isca na ponta voa, voce senta num banquinho ou na grama, e ai meu amigo, vá ler jornal, fazer palavras cruzadas, jogar conversa fora...
Jogar conversa fora já é uma coisa que eu faço muito bem. Infelizmente talvez, o problema é jogar conversa fora na hora errada, isso sim não é legal. Mas no banheiro feminino várias mulheres lá, que depois de lavar as mãos fazem o que?! Acertou quem falou quel elas jogam conversa fora... ops, revelei o segredo de o que as mulheres fazem no banheiro que demora tanto, alias é pra jogar conversa fora também que vamos sempre acompanhadas! É você em um box, sua amiga em outro, as duas fazendo o que tem que fazer e conversando uma com a outra, aí sabe como é, o assunto vai fluindo...
E como o assunto flui não é? Eu comecei falando de parafusos....

06/02/2007

Do início.

Um nome um tanto mecânico levando em consideração essa mente tão sem sentido, e comprovadamente, nada mecânica.

Pois bem, tendo começado ontem a faculdade de jornalismo, (e contrariando muitos, não, não serei a próxima Fátima Bernardes. Muito obrigada pela atenção mas dispenso o posto.) e ontem mesmo depois da aula entrei no blog de um professor, coisa que me animou bastante, lembrei-me dos meus antigos tempos de blog, onde contava meus 'problemas' de menina sonhadora, por volta de uns nove ou dez anos talvez, batendo claro uma incontrolável nostalgia... "ah, como o tempo voa".
Logo mais a noite, de madrugada para ser mais precisa, depois de um tempo rolando na cama e pensando na vida sem conseguir dormir, levantei peguei meu querido caderno, uma caneta e comecei a escrever qualquer coisa aleatória. O que importa disso tudo (importa?) é que me decidi: iria criar um blog. E aqui estou então. Se eu mesma continuar postando já será um grande feito. Desabafar é sempre bom não é mesmo? E criando um blog pra relatar as coisas, memórias, alegrias, tristezas, preocupações, ou sabe-se lá o que mais, me rendo cada vez mais a esse mundo da internet. Não que não goste de computador e internet, ao contrário inclusive... mas sabe como é 'tudo em excesso faz mal' já dizia minha avó. E sinceramente, o tempo que passo na frente da máquina já é um excesso. Vá tomar um Sol menina! Ótima idéia não é mesmo? Vai você também, desliga o computador e vamos passear.